A mulher da vida dele

Hoje ela acordou às sete da manhã. Fez o de sempre:
desjejum, com suco de manga, laranja e cenoura. Trabalha
muito precisa de vitaminas, para manter os resfriados á
distância.

Ela usa terninhos. Geralmente em tons pastéis, ou terra.
Odeia cores. Colorida mesmo, só tem uma blusa, que usa nos
eventos da OAB, que só acontecem duas vezes ao ano. Usa
uma mule combinando com a bolsa. Faz o tipo discreto.
Anda sempre com uma pasta preta, da Victor Hugo. Onde
guarda e transporta todos os processos em questão.

Vai ao fórum pela manhã. A tarde atende num discreto
escritório, na Hilário Ribeiro. Ele liga para combinar
onde irão jantar a noite. Mas, ela não atende ao telefone.
Está muito ocupada. Então, manda a secretária ligar e
passar o endereço do restaurante, ali por perto mesmo,
no Moinhos de Vento. Antes do jantar ainda visitou dois clientes.
Precisa deixar tudo encaminhado para as duas audiências
de amanhã de manhã.

Chegou ao restaurante com dez minutos de atraso. Não foi para
casa, nem tomou banho. Não lembrou de arrumar-se para ele.
Jantaram e foram cada um para sua casa.

Ela o ama. Ele também.

Enquanto, isso eu aqui no Copão. Depois da meia noite, vão
tirar as mesas da calçada. Sem graça beber se não for à calçada.
Então, vamos para o Jekyll, tem uma banda de rock progressivo
tocando. Vou tomar uma ceva com o pessoal. Na saída, lá pelas
cinco, vamos até a Salgado, comer um "morte lenta". Desbravar
a Dr. Flores. Chegar em casa ás sete, e dormir.
Enquanto o dia dela começa, o meu termina.
Mas, é ela a mulher da vida dele.

Grazi Du surf