quinta-feira, outubro 04, 2007

Não posso negar a dor é tamanha, mas não se preocupe não é infelicidade, é apenas dor; como quando a gente cai da bicicleta ou bate com o cotovelo. Aí é Natal, estou carente, estou estranha, bem passional, quase sem sentimento. Só sei que dói. Mas vamos combinar, que a minha dor não é nada perto de outras tantas que existem por aí. Como a dor do ano passado de passar o Natal com o pai no Hospital de Clínicas, ou como ver meu filho vestido de anjo, e não poder dar pra ele uma família. Eu perdi meu pai, e deixei meu filho longe do dele. Tem dores que parecem que nunca vão passar, mas passam, amenizam, ou sei lá nos acostumamos com elas. Seguimos, eu sigo parei de me questionar, pois era muito idiota da minha parte, então estou menos idiota, já é um bom sinal. Quero um chá de camomila, dormir na rede, ter um bicho de estimação. Quero cores claras, tons pastéis, e um sol brilhante, o dia inteiro, todo o dia.
O bom de saber escrever é que dividimos o que estamos sentindo com pessoas como a gente, que acorda todos os dias com a cara amassada, escova os dentes, toma dois goles de café e vai a luta. O dia nos traz agonias, e alegrias, mas as dores, essas violentas, ficam lá trancadinhas como num baú, onde ninguém tem o mapa, como se fosse um tesouro, que desenterramos algumas vezes para escoar nossa angústia, nossa fenda, nossa alma machucada.